Na crise do coronavírus, ninguém está mais perdido do que o presidente
A China, potência econômica em plena expansão, fechou as portas e janelas.
Três de seus vizinhos já restringem desde fevereiro a entrada de passageiros pelos aeroportos.
Com
uma forte vigilância das doenças e rastreamento, Singapura detectou
três vezes mais casos de coronavírus do que a média global. Propagandas
oficiais e anúncios em jornais insistem para que pessoas com sintomas
procurem seus médicos e deixem de ir à escola e ao trabalho. Os testes
são gratuitos.
Em Taiwan, as autoridades controlam a distribuição de máscaras cirúrgicas para evitar a explosão dos preços nos mercados.
A Itália determinou quarentena. Ninguém mais sai de casa sem uma boa justificativa.
A Espanha, idem.
Os EUA cancelaram voos vindos da Europa.
A
França proibiu reuniões públicas nas ruas e nos parques. Também
desobrigou empresas de pagarem contas de luz, gás e aluguéis, suspendeu
reformas como a da Previdência e as viagens por 30 dias para 26 países
europeus. As eleições locais foram adiadas.
Em um ano e três meses de governo, Bolsonaro teve inúmeras chances de mostrar grandeza. Perdeu todas.
No
momento em que o mundo resolve cortar na própria carne e se contorce
para entender que, nessas horas, a vida vale qualquer aperto financeiro
ou previsão de crescimento, o capitão usa um pronome possessivo (“meu”
governo) para demonstrar qual é hoje sua grande preocupação.
É uma aula gratuita de mesquinharia.
No
domingo, após serem insuflados (e posteriormente desaconselhados) pelo
presidente a irem às ruas e demonstrar o seu amor ao governante obcecado
pelo culto à sua personalidade, os manifestantes anti-Congresso e
anti-STF preferiram demonstrar a devoção em vez de cuidarem de si e dos
seus, na contramão do mundo todo.
Bolsonaro
viu as migalhas ao chão e se refestelou nelas, mesmo sabendo que na
volta de sua viagem aos EUA 12 auxiliares contraíram o vírus, inclusive
seu secretário de Comunicação.
Como
presidente, Bolsonaro se comporta como um motorista incapaz de esperar
um fim de semana enquanto o carro está na revisão. Todos os mecânicos
avisaram dos perigos de correr sem freio na ladeira, mas ele, confiante
demais ou inseguro o suficiente para acreditar que tudo não passa de uma
grande conspiração mecânica, preferiu pagar para ver.
Agora o mundo todo se pergunta como conseguiu sua habilitação.
Alguns, como Janaína Paschoal, sua ex-futura-vice, falam abertamente em impeachment.
Outros preferem ignorar o presidente e conduzir as ações de fato.
O
pacote que veio do ministério da Economia é limitado, pois não alcança
quem vive de bico no país da informalidade. Mas está na mesa.
Governadores, senadores, deputados, juízes, líderes dos países vizinhos e ao menos um ministro estudam ações conjuntas.
Parecem convencidos de que se ignorarem o presidente ignorante o presidente ignorante deixará de atrapalhar.
Informações yahoo
agrestedorn.com.br
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