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segunda-feira, 27 de julho de 2020

Com menos doações durante pandemia, maior maternidade do RN fica sem estoque de leite materno


A Maternidade Escola Januário Cicco, a maior do Rio Grande do Norte, amanheceu nesta segunda-feira (27) com três litros de leite materno no estoque, nível considerado reduzido pela direção da unidade. Essa quantidade não consegue suprir sequer a necessidade diária na maternidade, que é de 10 litros.

Com o baixo estoque, a enfermeira chefe da Divisão de Gestão do Cuidado da unidade, Magda Lúcia Leadebal, faz um apelo para que as mães que produzem leite possam doá-lo como forma de ajudar os bebês prematuros e também melhorar o estoque, que já é considerado zerado atualmente.

"Esse leite não vai fazer falta. A gente sempre lembra que quando a mãe amamenta, se a mama ficar incomodando alguma coisa, esse leite deve ser retirado e pode ser doado. A quantidade que vai para um bebê prematuro é uma quantidade muito pequena. Então o que quiser doar pra gente é importante", explicou.

"Até a mama que começa a pingar quando a outra está amamentando e libera ceca de 10 ml, por exemplo. Essa quantidade amamenta de duas a três crianças prematuras. Então viemos solicitar o empenho das pessoas que possam doar. O banco está totalmente com o estoque reduzido".

Segundo a enfermeira, a maternidade Januário Cicco funciona como central para essas coletas, que são distribuídas sob demanda. "O banco de leite da Maternidade Januário Cicco é referência no estado, então é ele quem faz a coleta do leite. Esse leite é processado e é distribuído de acordo com as demandas que chegam aqui para o banco".

Situação diferente vive o Hospital Dr. José Pedro Bezerra, conhecido como Hospital Santa Catarina, que é referência para gestantes e fica na Zona Norte de Natal. A unidade teve um aumento de cerca de 27% na coleta de leite e atualmente conta com 69 litros em estoque.

Segundo a coordenadora do banco de leite humano do Hospital Santa Catarina, a enfermeira Simone Dutra, esse resultado se deve a algumas ações adotadas assim que a pandemia do novo coronavírus teve início e passou a registrar queda em vários bancos de leite em todo o Brasil, já que as mães se sentiam inseguras.

"Nós fortalecemos a biossegurança dos profissionais que vão fazer a coleta de leite nos domicílios e adotamos, através do teletrabalho, do grupo de profissionais de risco, um serviço de consulta: eles ligam para a puérperas que tiveram alta hospitalar na última semana", falou.

"Com esse trabalho, são feitas duas ações: o apoio ao aleitamento materno, pra que ele continue sendo feito, porque a prioridade é alimentar o seu filho, e também oferecendo o serviço de coleta de leite, oferecendo a possibilidade da mãe ser doadora e ajudar a cuidar das crianças que estão separadas de suas mães".

De acordo com a coordenadora, as medidas elevaram o estoque e têm garantido o fornecimento para os 28 recém-nascidos que atualmente estão na UTI Neonatal da unidade.

Outro programa que tem ajudado no nível dos estoques neste período é o programa Bombeiro Amigo do Peito, que realiza coleta de doações desde 2002 no estado. Apenas na região metropolitana de Natal, foram mais de 1.500 coletas no primeiros seis meses do ano, segundo a corporação.

Para seguir atuando, foi necessária a implementação de regras para garantir a segurança da equipe e das mães doadoras. "Todas as orientações prévias são feitas através do WhatsApp, através de vídeos institucionais, e na coleta propriamente dita não há contato. A equipe tem experiência, chega no local combinado e colhe o leite tão importante para sociedade e para o bebê recém-nascido que não tem a oportunidade de se alimentar", explicou o major Jorge, coordenador do programa.

"O leite materno nos primeiros dias do recém-nascido pode diminuir a a mortalidade infantil, o processo de desnutrição e ajuda no combate às doenças da primeira infância. Não podemos deixar isso parar".
G1 RN

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