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terça-feira, 20 de novembro de 2018


Castello Branco pedia privatizações e preços internacionais na Petrobras

Roberto da Cunha Castello Branco tem o perfil liberal buscado pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, para compor a linha de frente econômica do novo governo. Com experiência no setor público e membro da academia – é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) -, as ideias do economista, anunciado nesta segunda-feira, 19, como o próximo presidente da Petrobras, vão ao encontro do que pensa Guedes e do que previa o plano de governo de Jair Bolsonaro (PSL). Por outro lado, algumas dessas ideias colocaram a estatal em rota de colisão com caminhoneiros, que pararam o país em maio deste ano.
O ex-presidente da estatal Pedro Parente, quando assumiu o controle da gigante brasileira após a posse do presidente Michel Temer, rompeu com a política de controle de preços e iniciou a era dos repasses automáticos de preços internacionais. O fim dessa histórica aconteceu em maio deste ano, com a greve dos caminhoneiros, que cobrava uma redução no custo do diesel e mudanças na nova política. Parente caiu em meio às pressões da classe. E mais do que isso: o governo implementou um subsídio ao diesel para baratear o combustível nas bombas.
O governo teve de pagar caro pela volta da normalidade, e parte da culpa foi colocada sobre o liberalismo de Parente. Porém, em pensamento liberal, Castello Branco está muito à frente. Neste ano, dois artigos publicados por ele mostram que privatizações norteiam seu pensamento e devem pautar a futura gestão. Mas, até por declarações do próprio Bolsonaro, é impensável a venda de 100% da Petrobras, considerada por ambos como estratégica. Por outro lado, a empresa poderia ser desmembrada para focar apenas na produção de petróleo. Além disso, o que restaria nas mãos do estado seria tocado como uma empresa privada, blindada de políticas intervencionistas.
Em nenhum momento, o ex-presidente da Petrobras sugeriu à estatal se desfazer de seus ativos de refino. Para o segmento de distribuição, o plano era realizar a abertura de capital, e não a venda da BR Distribuidora. E é justamente isso que Castello Branco imagina para essas duas áreas.A própria greve dos caminhoneiros serviu de argumento para que o próximo presidente justificasse a venda da estatal. “No caso do diesel, embora seguindo o mercado global, é o comitê de uma única empresa, uma estatal dona de 99% do refino, quem anuncia os preços. Essa é mais uma razão para privatizar a Petrobras. Precisamos de várias empresas privadas competindo nos mercados de combustíveis”, escreveu Castello Branco em artigo publicado pelo jornal Folha de S.Paulo, em 2 de junho deste ano.
Pouco menos de um mês antes, ele já havia escrito em artigo publicado pelo jornal Valor Econômico que “tanto no refino quanto na distribuição, a Petrobras, por razões estruturais inerentes a uma empresa estatal, não demonstrou possuir a competência necessária para ser a dona natural desses negócios”. O foco, para Castello Branco deve ser somente a exploração e a produção de petróleo. O resto, deveria ser vendido.
Essa posição privatizadora não é recente. Em 2015, em meio às discussões sobre as mudanças no regime de partilha do pré-sal, que, ao mesmo tempo em que garantia à Petrobras a escolha dos melhores blocos, também a obrigava a investir em todos os outros ruins, Castello Branco chamou a legislação de “danosa”.
Fonte: Veja

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