Castello Branco pedia privatizações e
preços internacionais na Petrobras
Roberto da Cunha Castello Branco tem o perfil
liberal buscado pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, para compor a linha de frente econômica
do novo governo. Com experiência no setor público e membro da academia – é
professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) -, as ideias do economista,
anunciado nesta segunda-feira, 19, como o próximo presidente da Petrobras,
vão ao encontro do que pensa Guedes e do que previa o plano de governo de Jair
Bolsonaro (PSL). Por outro lado, algumas dessas ideias
colocaram a estatal em rota de colisão com caminhoneiros, que pararam o país em
maio deste ano.
O
ex-presidente da estatal Pedro Parente, quando assumiu o controle da gigante
brasileira após a posse do presidente Michel Temer, rompeu com a política de
controle de preços e iniciou a era dos repasses automáticos de preços
internacionais. O fim dessa histórica aconteceu em maio deste ano, com a greve
dos caminhoneiros, que cobrava uma redução no custo do diesel e mudanças na
nova política. Parente caiu em meio às pressões da classe. E mais do que isso:
o governo implementou um subsídio ao diesel para baratear o combustível nas
bombas.
O
governo teve de pagar caro pela volta da normalidade, e parte da culpa foi
colocada sobre o liberalismo de Parente. Porém, em pensamento liberal, Castello
Branco está muito à frente. Neste ano, dois artigos publicados por ele mostram
que privatizações norteiam seu pensamento e devem pautar a futura gestão. Mas,
até por declarações do próprio Bolsonaro, é impensável a venda de 100% da
Petrobras, considerada por ambos como estratégica. Por outro lado, a empresa
poderia ser desmembrada para focar apenas na produção de petróleo. Além disso,
o que restaria nas mãos do estado seria tocado como uma empresa privada,
blindada de políticas intervencionistas.
Em
nenhum momento, o ex-presidente da Petrobras sugeriu à estatal se desfazer de
seus ativos de refino. Para o segmento de distribuição, o plano era realizar a
abertura de capital, e não a venda da BR Distribuidora. E é justamente isso que
Castello Branco imagina para essas duas áreas.A própria greve dos caminhoneiros serviu de argumento para que o próximo
presidente justificasse a venda da estatal. “No caso do diesel, embora seguindo
o mercado global, é o comitê de uma única empresa, uma estatal dona de 99% do
refino, quem anuncia os preços. Essa é mais uma razão para privatizar a
Petrobras. Precisamos de várias empresas privadas competindo nos mercados de
combustíveis”, escreveu Castello Branco em artigo publicado pelo jornal Folha
de S.Paulo, em 2 de junho deste ano.
Pouco menos de um mês
antes, ele já havia escrito em artigo publicado pelo jornal Valor
Econômico que “tanto no refino quanto na distribuição, a
Petrobras, por razões estruturais inerentes a uma empresa estatal, não
demonstrou possuir a competência necessária para ser a dona natural desses
negócios”. O foco, para Castello Branco deve ser somente a exploração e a
produção de petróleo. O resto, deveria ser vendido.
Essa
posição privatizadora não é recente. Em 2015, em meio às discussões sobre as
mudanças no regime de partilha do pré-sal, que, ao mesmo tempo em que garantia
à Petrobras a escolha dos melhores blocos, também a obrigava a investir em
todos os outros ruins, Castello Branco chamou a legislação de “danosa”.
Fonte: Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário